Depois de correr bastante na quinta-feira atrás do
transporte para chegarmos até Santa Marta, na sexta-feira iniciamos os
preparativos para a viagem. Reservamos as passagens em uma empresa que fica em
um bairro próximo daqui e fizemos os sanduíches para levarmos, para não gastar
muito dentro do parque. Saímos de Cartagena no sábado as 6h20min, em uma van
bastante confortável para uma viagem de nem quatro horas. O trajeto da van é de
Cartagena para Barranquilla e de lá para Santa Marta. Chegamos em Santa Marta
por volta das 10 da manhã. Na van, conhecemos o Felix, um colombiano que também
estava indo ao parque e nos ajudou muito. Depois de descer da van, tivemos que
caminhar umas cinco quadras até chegarmos na Olímpica (um supermercado daqui),
onde encontraríamos o Ricardo, um trainee de Belo Horizonte que nos emprestou
duas barracas para podermos dormir em Tayrona.
Pegamos as barracas e quem não tinha levado comida entrou no
mercado para comprar algumas coisas. Enquanto esperávamos, experimentamos o
salpicón, um tipo de salada de frutas com “creme” de morango, muito gostoso,
bem famoso por aqui. Depois disso, tomamos uma buseta, os ônibus daqui, que na
verdade são ainda menores que os micro-ônibus do Brasil. Era horrível, o ônibus
já devia ter parado de rodar há uns 20 anos, sem contar que não tinha espaço
pra perna e parecia ser bem perigoso, pelos tipos que andavam lá dentro. Depois
de uma hora de tortura, sentado de lado no banco e passando um calor infernal,
chegamos à entrada do Parque Natural Tayrona e fomos comprar as entradas.
Algumas pessoas do grupo, como eu, tiveram sorte, pois estávamos preparados
para pagar cerca de 35 reais pra entrar, que foi o preço que nos passaram que
custaria a entrada para estrangeiros. Porém, como somos estudantes e estávamos
com a carteirinha, pagamos somente o equivalente a 7 reais. Com as entradas na
mão, trocamos de roupa, nos preparamos para iniciar a jornada parque adentro e
pegamos a van até o início da trilha.
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Chegando em Santa Marta |
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Salpicón |
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Eu e Afonso - entrada do Parque Natural Tayrona |
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Parque Natural Tayrona |
Nessa hora já não estávamos mais com o Felix, então entramos
na trilha por nossa própria conta. É possível fazer o caminho a pé, a cavalo ou
ainda pagar para um burrinho carregar suas coisas. Decidimos ir a pé e carregar
nossas próprias coisas, mas acabamos pegando a trilha errada (descobrimos isso
só em Cartagena, portanto fomos e voltamos pelo mesmo lugar), por falta de
sinalização caminhamos por quase uma hora e meia pela trilha dos cavalos, muito
cansativo, cheio de subidas e descidas, carregando mochilas bastante pesadas,
até chegar à praia de Arrecifes. Quando chegamos, a sensação de que valeu a
pena aflorou, ao ver aquela praia linda na nossa frente. É tudo muito lindo,
aquela natureza totalmente conservada, as praias com muitas pedras e muitas
árvores. Deixamos uma praia pra trás e alguns outros pontos legais por termos
errado a trilha, além de ter que caminhar com o cheiro dos excrementos dos
cavalos, mas mesmo assim a trilha foi bem interessante, vimos alguns animais
difíceis de ver em qualquer outro lugar. Depois de Arrecifes, começaram as
praias, seguimos pela areia e, de uma praia a outra, passávamos por pequenas
trilhas. Dali, caminhamos por mais de uma hora até chegarmos ao nosso destino
final, a praia de Cabo San Juan, ou El Cabo, passando por outras duas praias.
Apesar de estarmos cansados, a segunda parte da caminhada foi mais tranquila,
pois podíamos caminhar enquanto olhávamos pras lindas praias em que estávamos
passando.
Chegando em El Cabo, fizemos nosso “check-in” no acampamento
e armamos nossas barracas, o que foi uma tarefa um pouco difícil, porque uma
das barracas era um pouco estranha e ninguém tinha muita experiência nisso. Já
era fim de tarde quando terminamos, por volta das cinco horas, e saímos para
tomar um banho no mar. Quando colocamos os pés na água, uma grande decepção: era
muito gelada, acredito que seja devido ao fato de o parque ser rodeado de
montanhas e muitos rios desembocarem naquela região. Então fomo dar uma
voltinha até a próxima praia pra conhecer, e em pouco tempo já começou a
escurecer. Voltamos, comemos os nossos sanduíches e fomos tomar banho... uma
aventura! Os chuveiros eram somente uns canos, o lugar onde se tomava banho era
totalmente aberto, sem nenhuma divisão entre homem e mulher. Qualquer um via
você tomando banho. Portanto, tivemos que nos banhar de roupa, claro. Sem
contar que foi o banho mais gelado que eu já tomei! De noite é bem fresquinho
por lá, afinal estávamos no meio do mato e soprava uma brisa não muito leve.
Parecia que a água vinha diretamente da Sierra Nevada, que fica ali perto. Depois
do banho fomos para o restaurante do camping, sentamos por lá e ficamos
conversando. Não tem muito o que se fazer de noite lá, muita gente leva baralho
e fica jogando, mas também é muito legal ficar olhando as estrelas. Parece que
o céu é muito mais estrelado lá, se pode ver muito mais estrelas do que em
outros lugares. Geralmente a poluição das cidades esconde muito o brilho das
estrelas, mas lá não existe isso, é realmente muito bonito. Enfim, depois
disso, fomos dormir, outra missão difícil, pois o Ricardo nos emprestou apenas
as barracas, sem colchonetes, então dormimos praticamente direto na grama. Não
foi tão desconfortável quanto eu achei que ia ser, acho que também pelo cansaço
que estávamos, ter acordado de madrugada e andado tanto, é bem cansativo.
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Trilha - Parque Natural Tayrona |
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Trilha - Parque Natural Tayrona |
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Trilha - Parque Natural Tayrona |
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Redes para dormir em Arrecifes - Parque Natural Tayrona |
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Chegada em Arrecifes - Parque Natural Tayrona |
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Panorâmica - praia de Arrecifes |
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Praia entre Arrecifes e La Piscina |
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Praia entre Arrecifes e La Piscina |
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Praia entre Arrecifes e La Piscina |
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Praia entre Arrecifes e La Piscina |
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Praia entre Arrecifes e La Piscina |
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Caminho até Cabo San Juan |
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Acampamento em Cabo San Juan |
Acordamos no domingo e o tempo estava bem feio, totalmente
nublado. Lembrei que, assim como Joinville, Santa Marta é toda cercada de
montanhas, então é bastante nublado. Levantamos, arrumamos nossas coisas e
fomos passear pelas praias que ainda não tínhamos conhecido, fomos e voltamos
em uma hora. Por volta das 10 da manhã, com as barracas desmontadas, pegamos
tudo e começamos a peregrinação de volta. Antes de sair, ainda caíram alguns
pingos de chuva. Mesmo assim, dessa vez fomos com mais calma, parando nas
praias que haviam no caminho, prestando mais atenção nas belezas do parque. Almoçamos
num camping de Arrecifes, onde comemos a famosa mojara, um peixe da região,
acompanhado de arroz de coco, patacones e salada. Um prato nem um pouco
convidativo, pois esse peixe é bastante feio, com dentes que parecem de um
humano, umas nadadeiras bem estranhas e um pouco gorduroso. Apesar disso, a
carne dele é bem gostosa.
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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Cardume de peixes - El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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El Cabo |
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A areia grossa e, ao mesmo tempo, fofa |
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La Piscina |
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La Piscina |
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La Piscina |
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A conscientização ambiental está sempre presente no Tayrona |
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Praia entre La Piscina e Arrecifes |
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Sorriso da Mojara |
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Mojara com os acompanhamentos típicos |
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Praia de Arrecifes |
Depois do almoço, calçamos nossos tênis para iniciar a
trilha por dentro do mato até a saída do parque. Mais uma hora e meia de
caminhada e chegamos no lugar onde pegamos a van para sair do parque. Estávamos
muito preocupados pois não sabíamos se íamos conseguir pegar fácil o ônibus de
volta pra Cartagena. Saindo do parque, todos nós fomos para a beira da estrada
que passa em frente ao parque para pegar um ônibus até o centro de Santa Marta.
Na verdade, todos nós menos a Laura, uma das meninas que foi com a gente.
Entramos no ônibus e, quando já estávamos sentando, o ônibus já andando, percebemos
a falta dela. Tivemos que pedir para o motorista parar e ir chamar ela, por
pouco não a deixamos por lá. Dessa vez pegamos um ônibus grande, mas não mais
novo ou mais conservado. De novo, parecia que o ônibus já deveria ter parado de
andar a muito tempo. Dá um pouco de medo entrar em um ônibus que mais da metade
dos bancos estão estragados, todo caindo aos pedaços. Se nem o sistema de
reclinação dos bancos do ônibus
funcionam, que é um sistema simples, quem garante que os freios funcionariam?
Descemos em um lugar que não fazíamos nem ideia de
onde estávamos, a sorte foi que tinham vários taxis por ali. Nos dividimos, uma
parte do pessoal foi direto para a rodoviária e eu, a Ivana e o Afonso fomos
tentar devolver as barracas. Logo que saímos dali, o pessoal que tinha ido pra
rodoviária avisou que o último ônibus pra Cartagena saía dali 20 minutos.
Perguntamos ao taxista quanto tempo levava dali até o mercado onde iríamos
entregar as barracas e ele nos informou que chegaríamos lá em 10 minutos, e que
depois até a rodoviária levaria mais uns 8 minutos. Resolvemos tentar, afinal
tínhamos que devolver as barracas. Quando chegamos no mercado, ligamos para o
Ricardo, e ele avisou que iria demorar mais uns 10 minutos pra chegar ainda.
Não podíamos esperar, então ficamos com as barracas e fomos para a rodoviária.
A maior sorte foi que uma menina, amiga da Ivana, que está fazendo seu
intercâmbio em Santa Marta, estava passando esse fim de semana em Cartagena e
poderia levar as barracas de volta com ela. Chegamos na rodoviária em cima do
laço, só chegamos e entramos no ônibus. A volta foi muito cansativa, além de
todo o cansaço do dia, voltamos por outra estrada, diferente da que usamos pra
ir, e levamos cerca de 5 horas. Pelo menos o ônibus que voltamos, na verdade um
micro, era muito bom. Percebi o porquê quando fui ao banheiro: ele era
fabricado no Brasil. Descemos no terminal, que é muito longe da nossa casa, e
ainda tivemos que passar no centro para devolver as barracas. Chegamos em casa
já eram mais de 10 da noite, morrendo de cansados. Aí, foi só tomar um banho e
cair na cama!
Enfim, esse fim de semana foi extremamente cansativo, mas
muito interessante. Valeu a pena andar tanto e passar os sufocos que passamos,
o parque Tayrona é lindo. É muito interessante saber que aquilo tudo existe do
jeito que Deus criou, totalmente natural, não tem praticamente nenhuma
intervenção do homem. É um lugar que dá muita paz, onde o melhor que se faz é
sentar e ficar admirando as coisas bonitas da vida. Sem dúvidas eu recomendo e
voltaria lá! Mas já aviso, tem que ter bastante disposição.
Depois desse que acredito que tenha sido o maior post do
blog até agora, eu me despeço. Hoje começa minha última semana na Colômbia, na
próxima quarta feira estarei embarcando de volta pro Brasil e daqui oito dias
estarei em casa pra matar essas saudades de todo mundo!
Beijos e abraços, até mais!