Depois de um tempo sem atualizar o blog, principalmente por
falta de tempo, hoje volto a postar, voltando aos posts com muito texto e sem
imagens, mas já inicio dizendo que os posts daqui pra frente dificilmente serão
muito frequentes. Vou explicar: quando eu entrei na Colômbia, no controle
imigratório, claro, perguntaram o que eu ia fazer no país e quanto tempo
ficaria. Respondi que estava vindo fazer um trabalho voluntário para uma ONG e
apresentei a carta que eu tinha, assinada pela diretora da fundação. Na carta
dizia o que eu ia fazer, que eu ficaria 65 dias e que a diretora seria a
responsável por mim durante minha estadia no país. Não adiantou, eles me deram um
visto de somente 45 dias. Não fui só eu que tive esse problema, muitas outras
pessoas tiveram – e estão tendo – por toda a Colômbia. O órgão que cuidava
disso mudou de estrutura e de nome, e está tudo confuso, até mesmo pra
conseguir contato com eles. Duas brasileiras que estão aqui pegaram o mesmo
tipo de visto, só que para 30 dias, e ao tentar prorrogar por mais 30, foram
advertidas que o período máximo daquele visto era de 45 dias, informação
diferente do que foi passada para elas e para mim quando estávamos passando
pela imigração. Depois de muita insistência e um “corre pra lá, corre pra cá”
vimos que só restavam duas opções: ou saíamos do país e entrávamos novamente,
pegando um novo visto, ou voltávamos para casa mais cedo. Como isso foi uma
falha de comunicação da AIESEC na Colômbia, tínhamos uma esperança de que
talvez eles pudessem cobrir nossos custos de sair do país e voltar. Assim,
todas as pessoas que estavam com problema esperaram a AIESEC em Cartagena
contatar o escritório nacional, menos eu.
Sabendo que a AIESEC daqui – tanto a local quanto a nacional
– está em uma situação financeira não favorável e que essa seria uma opção
inviável para eles, além de algumas questões pessoais, resolvi remarcar minhas
passagens e adiantar a volta pro Brasil. Gastei a mesma coisa, talvez até
menos, que gastaria na opção mais barata para sair do país e retornar.
Todas as outras pessoas que estão com este problema vão para
a Venezuela de ônibus no próximo fim de semana. Ontem eles compraram as
passagens até Maicao, uma cidade colombiana que fica perto da fronteira, pois
já não havia mais passagens diretas até Maracaibo. Quando chegarem em Maicao,
irão procurar a passagem para Maracaibo. Resolvi não participar dessa
“aventura” pois já me falaram que a fronteira entre Colômbia e Venezuela é um
tanto quanto desorganizada e acontecem muitos problemas ao sair de um país e
entrar no outro.
Diante dessa decisão, ficarei 3 semanas a menos aqui,
portanto tenho menos tempo para concluir meus compromissos com a fundação. E é
esse o motivo de eu ter andado um pouco sem tempo nos últimos dias, estava
focado em resolver essa situação e agora estou voltado para os projetos da ONG.
Nesta semana em especial, as coisas andam bastante corridas.
Fiquei responsável pela adaptação de um projeto para um convocatória do FOS - Fondo
para la Sociedad Civil Colombiana por la Paz, los Derechos Humanos y la
Democracia. Iremos apresentar um projeto voltado ao fortalecimento dos direitos
humanos da população deslocada no distrito de Cartagena de Indias, uma questão
interessante em um país como a Colômbia, onde existem mais de três milhões e
meio de pessoas deslocadas de sua vida normal por causa da violência. Segue um
trecho da justificativa do projeto:
“Encontramos que a nivel mundial según ACNUR, 27.5 millones
son desplazados internos por conflictos armados. El Alto Comisionado de las
Naciones Unidas para los Refugiados informa que el número de desplazados por la violencia en Colombia,
siendo más de tres millones y medio, supera a los países con los mayores conflictos
y enfrentamientos armados.
En el ámbito nacional según
cifras de la ONG Consultoría para los
Derechos Humanos y el Desplazamiento (CODHES), en los últimos 25 años en Colombia se han
registrado a 5.186.260 de
desplazados internos, afrontando un verdadero estado de emergencia social, que
se manifiesta en el desplazamiento de cientos de miles de colombianos, la
mayoría de los cuales son menores de edad y mujeres.
Por ello, la consagración constitucional de Colombia
como Estado Social de Derecho exige prestar una atención especial a esta
calamidad de índole nacional, que ha afectado directa o indirectamente a la
mayoría de la población del país, haciéndose necesario implementar medidas para la prevención, la
atención protección, consolidación y estabilización socioeconómica de los
desplazados internos por la violencia, reconociendo esta problemática como un
asunto de política pública y de compromiso del Estado, frente a este grupo poblacional que ve
vulnerados sus derechos humanos fundamentales.”
Esperamos, através da apresentação das justificativas e
intenções da nossa proposta, conseguir os recursos e o apoio necessários para a
realização do projeto e ajudar a melhorar as condições de desenvolvimento
humano do distrito de Cartagena de Índias em geral, além de contribuir para a
diminuição dos índices de pobreza e níveis de desigualdade da região.
Estou bastante entusiasmado com os projetos da ONG, quero
seguir ajudando de alguma maneira depois que voltar para o Brasil. Dá muita
motivação quando penso que uma proposta de projeto bem montada pode ser o que
venha a gerar os fundos para a execução do mesmo e, consequentemente, pode ser
o pontapé inicial para uma melhora significativa no desenvolvimento humano das
pessoas que vivem aqui, que eu vejo nas ruas quando caminho do convento até a
fundação todas as manhãs. Ao mesmo tempo em que é ruim ver que muitas coisas
por aqui precisam ser melhoradas, é bom saber que de alguma maneira eu estou
fazendo a minha parte, estou dando o melhor de mim pra que isso seja feito. Sem
dúvidas eu não me arrependo de estar aqui!
Finalizando o post, queria deixar um beijo especial pra
minha mãe. Te amo muito dona Rosi, estou com muitas saudades! Logo estarei aí
pra comer aquele teu papa-terra frito e te incomodar muito! Não esquece que dia
29 é meu aniversário, vai pescando bastante, prepara a peixada, enche o freezer
de cerveja e chama todo mundo!
No próximo fim de semana vamos a Santa Marta, cidade que
fica a cerca de 3 horas de ônibus daqui, para conhecer o parque Tayrona, uma
reserva ecológica que todos dizem ser muito linda. Tenho que aproveitar pois só
me restam dois finais de semana aqui! E, no próximo post, conto um pouco das
coisas que andam acontecendo no dia-a-dia daqui, o passeio de chiva que fizemos
e algumas outras experiências que estou passando aqui!
Abraços e beijos, até o próximo post!
Tenso esse negócio de visto, hein?
ResponderExcluirAbraços!